quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Laços de sangue




Choro sem razão, mas até sei porquê.
Só de pensar no que nunca vai ser, choro.
Só de pensar no que já foi, choro.
Só de pensar - choro. 

Choro com motivo, mas sem propósito.
Só de sentir saudade, choro.
Só de sentir distância, choro.
Só de não sentir - choro.

Choro-te
Choro-vos
Choro-me
Choro-nos

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O que anda aqui






Dei por ti a olhar-me. Não compreendi o que querias de mim, não soube o que pensar. Só via um verde aclarado pela luz, o teu verde intenso. Só te vi. Deve ter sido igual para ti, igualmente confuso. Tenho ideia que terás tentado deslindar alguns problemas ou mistérios falsos de que eu, aparentemente complexa, sofria. A minha simplicidade de nada te vale, nem assim sou fácil de entender. O que temos são monstros enormes, aberrações da natureza, são fugas às regras, são situações extremas, mas só vemos o que temos como "amor". Foi nisto que pensei.


Dei por mim a olhar-te. Aí percebi o que tinhas querido de mim, vi o que sempre quisera de alguém. Entendi que nunca tinha querido atributos vagos, apercebi-me que te queria. Olhei-te a fundo, enquanto dormias calmamente. Sinto que te perturbo o sono, sinto-te arrepiado e decido deitar-me contigo. A minha mão passou suavemente pelo teu cabelo, pelo teu peito nu para depois se abraçar a ti, com o resto do meu corpo e maioritariamente com a minha vontade. Nem quis acordar, nem me quis levantar, quis somente viver-nos para sempre. 
Hei-de eternamente viver-nos.