Ping Pong. Quando bem jogado, a bola faz sempre o mesmo som, o mesmo ritmo (quase musical) de back and forth.
Eu sou a bola. Tanto fico em cima, como em baixo. Sujeita a levar pancadas de tal força que posso rebentar. Frágil, mas crucial para o jogo.
A velocidade a que a bola vai só depende da perícia do jogador, e neste caso, acho que até estou nas mãos de alguém que joga estupidamente bem. É.Estou nas mãos de alguém.
E eu a pensar que estava na altura. De desistir, digo. Aparentemente não. Voltas e voltas depois, o meu estômago decide que parar de tremer, grunhir e exprimir a sua má disposição não é uma escolha. Tem de acontecer: o estômago manda.
"Das duas, trinta e uma." Será desta? Será agora que o meu olfacto (ou a falta dele) me denuncia, que o meu sorriso deixa escapar uma (meia) verdade?
Sim, o meu corpo vai-me denunciando involuntariamente, enquanto eu silenciosamente aguardo que o cérebro o domine. Mas não. Diz o estômago, que manda, que é preferível ser dominada e denunciada, apontada claramente como a criança que bateu na outra, a que passa a vida a ser apontada e a ouvir dizer sobre si "Foi ele!".
É assim que se conquista a liberdade. Aos poucos e poucos, a pisar os limites, ainda que só ligeiramente. É de fininho que se conquista a liberdade.Assim como quem não quer a coisa.